segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PUNIÇÃO PARA ESTUDANTES QUE DESRESPEITAREM PROFESSORES - PREVISÃO LEGAL 
         A medida é oportuna e pertinente. Tenho ouvido dos amigos que continuam em sala de aula que a situação se agrava a cada dia. Há casos reiterados de agressões físicas aos docentes. As verbais, nem se contam. É preciso entender, entretanto, que a boa educação e o respeito aos mais velhos aprende-se primeiro em casa. A Lei vai apenas punir aquele que praticar o desrespeito. Não vai gravar na personalidade do jovem que o mestre merece consideração , admiração, e o mais absoluto respeito.

Comissão aprova punição para aluno que desrespeitar professor

Comissão aprova punição para aluno que desrespeitar professor
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou na quarta-feira (28) proposta que prevê punição para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino.
Pelo Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti (PP-PR), o estudante infrator ficará sujeito a suspensão e, na hipótese de reincidência grave, será encaminhamento à autoridade judiciária competente. A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta das escolas como responsabilidade e dever da criança e do adolescente estudante.
O relator, deputado Mandetta (DEM-MS), destacou que a violência contra professores do ensino médio e do fundamental é uma das causas da falta de qualidade da educação brasileira. “Professores com medo de sofrer violência ou represálias verbais e físicas, principalmente por parte de alunos, somado à falta de punição administrativa e/ou judicial dos estudantes indisciplinados ou violentos somente corroboram a existência de sérios problemas educacionais”, afirmou.
O parlamentar disse ainda que um estatuto que assegura apenas direitos, sem determinar deveres, desrespeita uma das regras básicas da educação, que é o respeito aos direitos dos outros. “É fato que há uma crescente violência contra professores e diretores em sala de aula, que não vem sendo coibida adequadamente pelas normas hoje em vigor. Cremos que o sistema de proteção integral determinado pela Constituição Federal às crianças e adolescentes também passa por imposição e cumprimento de deveres”, concluiu.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

E o palhaço o que é?

E O PALHAÇO, O QUE É?

         Desde a Antiguidade algum tipo de arte circense é praticada. Parece certo estabelecer que o circo em seu formato mais conhecido tem origem em Roma. Também, durante a Idade Média, há registros de espetáculos de saltimbancos e músicos, que se deslocavam para fazer suas apresentações.                Aqui em João Pessoa, na minha infância, lembro que os circos eram armados num largo terreno na Av. João Machado, onde hoje funciona um posto de gasolina. O conceito do, lá vamos nós de novo, “politicamente correto” sobre a utilização de animais no espetáculo , ainda não era estabelecido, e os circos tinham leões, elefantes, ursos, focas, tigres. Só ir olhar os animais fora do horário do show,  já era uma diversão e tanto.         
         Não emito juízo de valor sobre a proibição de animais em espetáculos circenses. Sei que é lei em muitos lugares.
         Recentemente fui ao espetáculo de um famoso circo, e nada de animais. Os números se sucediam numa monotonia terrível. Em regra, acrobacias, contorcionismo e danças. Muitas danças. Quase não consigo esperar até o final. Do circo , como o conheci , restam os trapezistas , o mágico e o palhaço. Até alguém inventar que também não é politicamente correto dizer que “é ladrão de mulher”.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ZÉ BODEGA

No rol dos grandes músicos brasileiros, os irmãos Araújo, liderados por Severino, ocupam lugar de destaque. A Orquestra Tabajara é referencial de qualidade. Um dos irmãos do Severino, é considerado virtuoso no sax tenor. Zé Bodega. Tão esquecido atualmente. Segue texto de Zuza Homem de Mello sobre este saxofonista único.
"Zé Bodega (1923-2003), por quem K-Ximbinho nutria admiração, foi, segundo ele, o maior saxofonista brasileiro. Os demais, saxofonistas-tenores ou não, concordam em peso e sem hesitação. Nas incontáveis gravações de que participou acompanhando cantores, ninguém se arriscava a solar depois de Zé Bodega – apelido que vem da infância, quando fingia ser o dono de uma lojinha de brincadeira, a bodega, onde “vendia” areia como se fosse sal. Com menos de dez anos de idade, imitando o pai, formou uma banda, que dirigia com um pedaço de pau pelas ruas de João Pessoa.
O mais tímido dos irmãos de Severino entrou para a Tabajara em 1942, era ótimo clarinetista, atacava as notas com meiguice e fraseava as notas graciosamente soprando quase sem vibrato, com uma personalidade identificável à primeira vista. Teria lugar na galeria dos grandes saxofonistas do jazz. Idolatrava Al Cohn, descendente em linha direta do som cool nascido com Lester Young.
Nos bailes da Tabajara teve por anos um destaque em Jealousy , mas em 1955 Severino decidiu compor um tema específico para mostrar as virtudes do irmão. Aproveitando um exercício de suas aulas de harmonia com o professor Koellreutter, com o tema Água com açúcar em três andamentos cada vez mais rápidos. Na fase dos 78 rotações ele foi solista da Tabajara em diversos choros, como Malicioso e Passou, afora frequentes intervenções na abundante discografia da orquestra. Zé Bodega é o saxofonista que se ouve na famosa gravação de Eliseth Cardoso, Canção do amor, de 1950 (…). Participou com destaque em solos curtos e sensacionais da infernal Turma da Gafieira, que gravou um célebre LP de 10 polegadas no auditório da Escola Nacional de Música, nos anos 1950.
No início dos anos 1960, o grande Zé Bodega gravou o único LP sob seu nome, Um sax no samba, acompanhado pela orquestra do irmão sem o naipe de saxofones, um disco de produção equivocada no qual ele ainda mostra sua categoria em “Palhaçada”, “Onde estava eu”, “Sambando” e “Fiz o bobão”. Em 1971 a Odeon lançou o vinil Chorinhos da pesada, com diversos solistas como Raul de Barros e Abel Ferreira. Bodega gravou pela segunda vez um choro de sua estatura como músico ao tocar com Radamés Gnatalli, “Bate-papo”. No mesmo disco, acompanhado pela metaleira da Tabajara, realiza o solo antológico do intrincado choro “Teclas Pretas” de Pascoal de Barros, o lendário saxofonista de quem não se tem notícia de haver qualquer gravação. No já mencionado espetáculo da Tabajara no Anhembi em 1977, Zé Bodega tocou o choro pela última vez. Aplaudidíssima, a performance é a faixa 5 do lado B no LP O fino da música, volume 2, gravado ao vivo. De 1977 a 1988 “Teclas pretas” foi tocado duas vezes por dia, durante onze anos seguidos, na Rádio Jovem Pan. Era o prefixo do “Programa do Zuza”.
Depois do show no Anhembi, Zé Bodega decidiu dar um tempo. Tinha pressão alta e ficara muito emocionado. Continuou tocando só na orquestra da TV Globo. até sua dissolução. Em seguida vendeu o tenor e ficou tocando flauta na sua casa de praia em Itaipuassu, em Maricá. A perda da mulher foi um golpe muito duro. Não resistiu. Quando faleceu, em 23 de setembro de 2003, foi publicada uma singela notícia sobre a morte de José Bodega(sic). Era simplesmente o maior saxofonista brasileiro. "  (Mello, Zuza Homem de, Música nas veias – memórias e ensaios , São Paulo, editora 34, 2007)

domingo, 23 de dezembro de 2012

BILAC NA REDE

BILAC NA REDE

Hermance Gomes Pereira



                   Quem tem o hábito de navegar pela rede mundial de computadores e freqüenta sítios de relacionamento, com certeza já se deparou com as insuportáveis e recorrentes mensagens ilustradas com peixinhos, anjinhos, florzinhas e outras bobagens. Estou convencido que tenho uma atração especial para esse tipo de mensagem. Por mais que deixe claro que não gosto, não abro, não baixo, não leio e não clico, continuo a receber várias , diariamente. Há quem diga que é carma.
                   Diante de tanta asneira circulante, eu e outros infelizes navegantes, resolvemos divulgar poesia. Sim , poesia. Nada melhor que bons poemas para iniciar a semana. Rapidamente surgiram adeptos: magistrados, professores, amigos e alguns outros, gente que gosta de ler, afeita aos livros. Até uma comunidade foi fundada sob o título: Eu espalho poesia.
                   Virou festa. Foi uma beleza: de repente começaram a espocar nas caixas de correio e páginas de recados Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Jorge de Lima, Fernando Pessoa – os paraibanos Augusto dos Anjos e Sérgio de Castro Pinto eram presenças constantes. A corrente poética crescia e, semanalmente, dezenas de amigos compartilhavam composições dos grandes poetas de língua portuguesa.
                   Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac ainda não tinha sido lembrado por ninguém. Não se sabe ao certo se a omissão deu-se em razão de certa rejeição ao parnasianismo, que o tinha – ao lado de Alberto de Oliveira e Raimundo Correia – como expoente máximo , ou, por simples esquecimento mesmo. O fato é que foi desencavado um soneto surpreendente de  Bilac. O “príncipe dos poetas brasileiros” era, quem diria, meio safardana:
Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....


                   O autor de “Via Láctea” e “Profissão de fé” onde foi codificado  o seu credo estético, marcado pelo culto do estilo, pureza da forma e da linguagem e simplicidade como resultado do lavor, tinha, aparentemente, seus momentos de fraqueza. Humano, afinal. Aliás, Bilac tinha dessas coisas: sem jamais ter passado no portão de um quartel, foi o maior incentivador do serviço militar obrigatório no Brasil, ao ponto de ser considerado “Patrono do Serviço Militar”. Ou seja, nos olhos dos outros, pimenta é refresco.
                   Rapidamente o poema foi divulgado pelo canal habitual. Alguns riram, outros ficaram surpresos com a “saliência” do poeta, mas todos gostaram. Quase todos.
                   Dias depois, inopinadamente, sou abordado por um enfezado marido em crise de ciúmes. De bom alvitre é esclarecer que, a essa altura, mais de trinta pessoas já recebiam os poemas eletronicamente, e , entre elas, estava essa amiga, esposa do colérico  inquisidor. Leitora voraz, entretanto, em matrimônio vigente com cônjuge de poucas luzes. “Que onda é essa de mandar cantada pela internet para minha mulher?” Perguntou o pobre homem, mostrando-me o poema impresso.
                   Tamanha foi a surpresa, diante do inusitado, que, com a simplicidade dos inocentes apenas argumentei: “Mas, esse texto não é meu, é de Bilac”. “E quem é esse Bilac, mora aonde esse safado?” retrucou. “Bem, eu soube que ele morava no Rio de Janeiro”. “Se ele morasse aqui, eu ia lá” respondeu e partiu, danado da vida. Não fosse baixote e esquálido o furibundo esposo, o risco seria evidente. Passado o episódio, depois de longa casquinada, pelo sim, pelo não, por enquanto, decidiu o grupo não postar nada da poesia fescenina de Bocage.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Lobato e o politicamente correto

Lobato e o politicamente correto

                   A onda do politicamente correto , por vezes, dá nos nervos. O ataque orquestrado contra a obra de Monteiro Lobato é um bom exemplo.  De repente, o consagrado escritor recebe a pecha de racista, mediante alegação da subordinação de seus personagens negros aos brancos de então. Tia Nastácia e Tio Barnabé são apontados como exemplo de negros subservientes, e algumas frases do livro “Caçadas de Pedrinho” são caracterizadas como racistas.
                   Não que seja novidade para Lobato receber restrições, o personagem Jeca Tatu , caipira , doente, infestado de vermes, pés descalços e analfabeto – apontado pelo autor como o protótipo do homem do campo brasileiro – foi alvo de severas críticas,  considerado ofensivo ao nosso povo.
                   Vale relembrar que a obra infantil de Lobato é amada por milhões de brasileiros, quer sob a forma original em livros, quer pela televisão. Ainda , que  a liberdade de expressão, conquistada à duras penas, não pode ser vilipendiada.  Quem não gostar , sempre tem a opção de não comprar o livro. Mas, proibir, censurar, JAMAIS. Já tivemos nossa cota de censura por essas bandas.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Preservar o conhecimento.

Raul e os livros

         Pesquisadores e acadêmicos começam a se preocupar, em diversas partes do mundo, com a memória deste século. São inegáveis as vantagens da conservação digital do conhecimento. A facilidade de acesso é evidente. Também, o espaço ocupado para guardar informações é incomparavelmente menor. Entretanto, o   velho problema persiste: E se alguém puxar a tomada?
         Estima-se que um livro convencional, se não impresso com tinta ácida, e guardado na estante depois de lido e relido , pode durar mais de 100 anos. Há , nas grandes bibliotecas exemplares que superam em muito o século de existência. Mas, e a informação eletrônica, quanto tempo pode durar? Os mais otimistas dizem : para sempre. Outros acrescentam: desde que não dê defeito.
         Raul Seixas, lá pela década de 70 do século passado,  já advertia:

“A civilização se tornou complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir
O calcanhar de Aquiles
Com um só palito pára o motor”

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Recusa de plano de saúde em custear cirurgia gera dano moral

14/12/2012

Unimed se recusa a custear cirurgia e é condenada a pagar indenização por danos morais, decide Primeira Câmara do TJ

A cooperativa médica Unimed-João Pessoa deverá pagar danos morais a paciente por se negar a custear procedimento cirúrgico, alegando a falta de cobertura no contrato.  A decisão é da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em sessão ordinária, ao desprover o recurso de apelação impetrado pela empresa. O colegiado manteve a sentença do Juízo de primeiro grau. O valor da indenização foi fixado em  R$ 10.000,00.
Consta no processo de Apelação Cível nº 200.2010.026053-4/001, que a paciente encontrava-se com problemas de locomoção e sofrendo fortes de dores. Foi diagnosticada, conforme guia de solicitação médica, a necessidade de cirurgia de vertebroplastia. Como era beneficiária do plano de saúde pleiteou o procedimento junto a Unimed, tendo sido negado, o que lhe motivou a interposição de ação judicial.
Na contestação a empresa Unimed reiterou que o plano de saúde do paciente não previa a intervenção cirúrgica. Sustentou ainda a impossibilidade de se aplicar ao presente caso as regras do Código de Defesa do Consumidor, por não se tratar de cláusula abusiva.
Para o relator do recurso. juiz convocado Aluízio Bezerra Filho, a recusa de plano de saúde para cobertura de procedimento médico a associado configura-se abuso de direito e descumprimento de norma contratual, capaz de gerar dano moral indenizável. Segundo o relator, fere o Código de Defesa do Consumidor. “Nesse norte deve ser mantida a condenação à Unimed João Pessoa, bem como a obrigação de fazer conforme decisão de primeiro grau”, pontuou.

Fonte: TJPB/Gecom

domingo, 16 de dezembro de 2012

Casamento Perfeito


Casamento perfeito: livros e música de boa qualidade.

            O Sebo Cultural , na Avenida dos Tabajaras, 848 - Centro  João Pessoa - PB, 58013-270 (83) 3222-4438
, tem promovido, às quintas feiras a partir das 20 horas, show musical de excelente qualidade, com ênfase na musica instrumental.
            Costumam se apresentar Arnaud Neto, no Sax , Beto Preá, Bateria, Igo Wendell, teclados e Washington Rodrigues no baixo. É um trabalho que merece ser visto, além da virtuosidade dos músicos, o espaço é muito bem transado, e é uma boa oportunidade de conhecer o acervo do livreiro Heriberto.  Convidados  e público são bem vindos para as famosas canjas.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Permanência de Osias Gomes

Evento histórico e cultural marca lançamento de livros sobre Osias Gomes e ministros paraibanos

Desembargadores, juízes, procuradores, promotores, historiadores, escritores, servidores, advogados e familiares dos homenageados participaram, na tarde desta quarta-feira(21), no Salão Nobre do Palácio da Justiça, da solenidade de lançamento dos livros “Ministros Paraibanos em Tribunais Superiores” e “ Permanência de Osias Gomes”, dentro da programação de eventos patrocinados pela Comissão de Cultura e Memória do Tribunal de Justiça da Paraíba. O presidente da Corte, desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos presidiu o ato e destacou a importância das obras para a sociedade, em especial a comunidade jurídica.
“São trabalhos de cunho histórico e jurídico, sendo assim mais uma contribuição para o resgate histórico e cultural. A população paraibana terá à disposição essas obras como fonte de pesquisa e que deverão constar nas prateleiras das bibliotecas”, disse o presidente. Coube ao desembargador José Ricardo Porto, membro da Comissão Especial, fazer a apresentação do livro, que retrata a trajetória dos ministros paraibanos: ”Aqui está o resultado de meses de pesquisa e de redação. As 518 páginas, muito bem ilustradas e redigidas é um registro histórico, um volume sem similar no país”, ressaltou o desembargador.
“Há muito o que ler neste livro surpreendente  que traz revelações insuspeitas para a maioria dos próprios historiadores de nossa terra”, observou José Ricardo Porto. Mais adiante elencou os nomes dos 25 ilustres paraibanos que, saindo do território paraibano destacaram-se como integrantes de tribunais superiores no país. O livro “Permanência de Osias Gomes” com 270 páginas, foi apresentado pelo neto do homenageado, o advogado Cleanto Gomes Pereira que, na ocasião, agradeceu em nome da família à virtuosa homenagem institucional. “A mais legítima e relevante entre as instituições permeadas pelo homenageado”, enalteceu o advogado.
O desembargador Abrahan Lincoln falou ainda da importância do trabalho que vem sendo realizado pela comissão especial, que tem na presidência o desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Comentou sobre a importância de se valorizar os grandes vultos que dignificaram a magistratura paraibana. “A Paraíba é um celeiro de valores e tem nomes importantes, a exemplo de Epitácio Pessoa, único paraibano a ocupar os três poderes, entre outros que alçaram tribunais superiores.
O historiador e juiz de Direito aposentado, Humberto Cavalcanti de Mello, proferiu conferência sobre o centenário de nascimento dos desembargadores Jurandir Gomes de Miranda Azevedo e Aurélio Moreno de Albuquerque. Enalteceu fatos históricos da carreira jurídica de Jurandir Gomes, ao mesmo tempo em que relatou a atuação do desembargador Aurélio Moreno, que também foi membro da Academia Paraibana de Letras.

Fonte: TJPB/Gecom/Clélia Toscano

Mozart e o Rei do Baião

MOZART E O REI DO BAIÃO

Hermance G. Pereira

                                                           Antes de tudo é necessário deixar claro que não se pretende traçar qualquer comparação entre Luiz Gonzaga e Wolfgang Amadeus Mozart. Viveram épocas diferentes, trabalharam contextos diferentes, e dedicaram-se a estilos musicais distintos. Um tornou-se mundialmente conhecido, considerado, ao lado de Beethoven e Bach um dos maiores gênios da música em todos os tempos. Outro desbravou em terra virgem, cantando o Nordeste para um Brasil que só se enxergava “da Bahia para baixo”. Um compôs e tocou para reis e imperadores, outro subiu nas boleias de caminhões e tocou para retirantes e párias.
                                                           Também não é de bom alvitre comparar o tipo de música que produziram, ou por outra, tentar estabelecer qual dos dois compôs a “melhor” música.  Talvez, tecnicamente falando,  possam os entendedores de teoria musical expor tópicos relativos à harmonia, técnica de composição, compassos, dimensão da obra, percepção musical, etc. Igualmente seria simplório e leviano restringir a discussão a um epidérmico comentário do tipo: “cada um tem sua preferência musical”. Não entremos nesse mérito.
                                                           O fato é que esses dois compositores têm, no mínimo, um traço em comum: Foram maçons. Mais ainda, compuseram música para a Maçonaria. Indo além, ambos estiveram regulares em suas respectivas Lojas até a partida ao Oriente Eterno.
                                                           Gonzagão compôs o clássico “Acácia Amarela”,  letra e música. Foi um  “feliz operário, onde aumento de salário não tem  luta nem discórdia”. Ele realmente sentia-se bem “naquela casa direita, que é tão justa e perfeita”. Reconhecia que ali “o mal é submerso e o Grande Arquiteto do Universo é Harmonia e Concórdia”.
                                                           Acácia Amarela, com toda a simbologia maçônica que carrega, em suas diversas gravações, com muitos intérpretes,  inclusive o próprio “Lua” tornou-se uma das músicas mais executadas pelos Mestres de Harmonia em sessões ritualísticas. Foi iniciado nos augustos mistérios na Loja Paranapuan, do Grande Oriente do Brasil, no Oriente do Rio de Janeiro (Ilha do Governador) em 03 de abril de 1971. Elevado ao grau de Companheiro em 14 de dezembro de 1972 e Exaltado Mestre Maçom em 05 de dezembro de 1973.
                                                           Mozart foi membro ativo e regular, até sua prematura morte aos 35 anos - em 1791, da Loja  St. Johannes Zur Neugekrönten Hoffnung , em Viena, Áustria, onde fora iniciado em 14 de dezembro de 1784. Alguns de seus biógrafos[1] afirmam que morreu sem a assistência de um sacerdote católico (religião que professava) que se recusou a prestar-lhe os últimos sacramentos face sua condição de Maçom.
                                                           Através do Balaústre da Sessão Magna de Iniciação do Irmão Mozart[2] verifica-se que o Irmão Secretário “esqueceu de registrar e dar ciência sobre este membro proposto”. Ou seja, o secretário de ofício não publicou o edital  em tempo hábil.  Mesmo assim, Mozart iniciou.
                                                           Sua Loja funcionava no mesmo templo da Loja Zur Wahren Eintracht. Estas freqüentemente realizavam sessões conjuntas, para ouvir o seu Mestre de Harmonia – e que Mestre de Harmonia – dirigir pessoalmente “lieder” e cantatas baseadas em textos de autoria de irmãos da Loja. Algumas peças recém compostas eram estreadas em Loja.
                                                           Apesar de sua partida prematura ao Oriente Eterno, o Irmão Mozart deixou uma obra vastíssima, que ainda  hoje transcorridos mais de duzentos e dez anos de sua morte, é objeto de estudo e descobertas, para não dizer de veneração entre os apreciadores da boa música.
                                                           Não é possível, portanto, nos limites desta pequena reflexão,  garimpar os trabalhos com orientação maçônica compostos pelo gênio Mozart.
                                                           Muitos elementos maçônicos podem ser encontrados, ainda que presentes nas entrelinhas, por exemplo, em “A Flauta Mágica” um de seus trabalhos mais conhecidos.
                                                           Outros trabalhos, principalmente do tipo “lieder” foram deliberadamente compostos para sessões maçônicas. Exemplos,  K.148 para canto com acompanhamento de piano ou cravo: “An die Freundschaft – Lobgesang au die feierliche Johannisloge” (À Amizade – Cântico  Solene para uma Loja de São João). K.468 para tenor com acompanhamento de piano: “Gessellenreise” (Viagem do Companheiro), composta para comemorar a elevação de seu pai Leopold Mozart ao grau de Companheiro Maçom. K.471 cantata em mi bemol para o coro masculino a três vozes, solo de tenor e orquestra: “Die Maurerfreude” (A Alegria Maçônica).
                                                           Já enfatizada a impossibilidade de elencar toda a obra maçônica de Mozart, vale apenas indicar a obra do Ir:. Descartes Teixeira, Mozart, Vida , Obra e suas Relações com a Maçonaria , para os interessados em maior aprofundamento.
                                                           Gratificante é saber, entretanto, que dois homens de origens e formações tão diferentes, dois compositores de estilos e séculos distintos, tiveram  em  comum um  ideal. Salzburgo, Áustria , ficou mais perto de Exu, Pernambuco.


[1] MASSIN, Jean & Brigitte, em Wolfgang Amadeus Mozart, Fayard 1990, pág. 573
[2] TEIXEIRA, Descartes de S. MOZART. São Paulo. Traço Editora, 1991, pág 67
NOMES DE BATISMO

                                                                                  Hermance Gomes Pereira*

                        No final da década de sessenta, quando ingressei na escola primária, já estava acostumado com o nome que carrego. Não que fosse comum: até hoje não é, só conheço um outro que divide o fardo.
                        A maioria dos nomes próprios ouvidos era mais , digamos, normal. Havia um André, um Fernando, alguns Carlos e Robertos, uma Patrícia , uma Luciana, uma Ana, um Paulo, etc. Dava para conviver. O exótico ficava por conta de um Syès, acho que em homenagem ao abade.
                        Não que deixassem de existir nomes pesados. Lembro de um imberbe Karl Marx de seis anos de idade, irmão da beldade escolar Rosa Luxemburgo. Mas eram exceções.
                        Antigamente até se usava prestar homenagens a personagens históricos. Daí os Wilsons, os Napoleões, Churchils, Delanos e outros chefes de estado. Também personagens de célebres e marcantes romances eram lembrados, justificando as Ana Kareninas, Capitús e Inocências.
                        Não sei o que aconteceu, entretanto, de lá para cá. O que deu na cabeça dos pais para infelicitar tanto os  inocentes rebentos? Há quem diga que é efeito da globalização, uma espécie de subcolonialismo moderno. A famosa influência americana sobre nossa cultura.
                        O fato é que tenho visto uma avalanche de nomes , na melhor das hipóteses, incomuns , atribuídos aos pequenos. Desde o anônimo RUMENIGUE , lembrando vagamente o atacante alemão, que bate bola nas praias de Cabedelo, até o já consagrado DEIVID, fazendo gols nos times profissionais. Já que falamos de futebolistas, vale mencionar  os craques ALANDELON, MAICON e ODIVAN (este último homenageando a música O DIVÃ de Roberto Carlos). Não pode ser esquecida também a doce KASTULLENN, que ainda não sabe dizer como se chama. Também, coitada, só tem sete aninhos: um dia ela consegue.
                        A nefasta criatividade dos pais é  inesgotável. Neologismos são acrescidos todos os dias. Sem falar na mistura dos nomes do pai e da mãe, que produz resultados bombásticos.
                        Apesar de deparar-me diariamente com nomes próprios estranhos em razão do ofício – no momento Juiz dos Registros Públicos – confesso que não estava preparado para  ouvir em audiência o  jovem PENISVALDO.
                        Francamente, que raio de homenagem foi essa?
                        Ao menos Peninho (como carinhosamente era chamado pelos  pais orgulhosos) era bem humorado. Pouca mágoa demonstrou para com os colegas que chamavam-no por todos os sinônimos chulos do membro inspirador do nome. Não vislumbrei danos irreversíveis em sua personalidade apesar de ter conduzido a cruz por contados 18 anos. Sim, porque no dia seguinte ao décimo oitavo aniversário, Peninho, agora maior de idade, ajuizou  a competente Ação de Retificação de Assentamento de Registro Civil, requerendo imediata mudança de nome.
                        Evidente que o pedido foi deferido.

*Jornalista – DRT PB 1929