quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Desde que comecei a estudar Saxofone , descobri que - além do imenso prazer que o instrumento proporciona a quem ousa toca-lo, é igualmente prazeiroso pesquisar o assunto. De logo desejei ter um Selmer Mark VI (não confundir com o Selmer Bundy, fabricado nos EUA - a história dos irmãos Selmer, o francês e o norteamericano, conto outro dia). Vi que a maioria dos saxofonistas idolatra o Mark VI , tido por quase todos como o melhor Sax jamais fabricado. Para fazer um contraponto , transcrevo esse artigo do professor Márcio Rangel. Espero não contribuir para destruir o sonho de nenhum saxofonista. Ainda pretendo tocar nessa lenda.



MARK VI: MITO OU REALIDADE

Por: Marcio Rangel
Já se vão mais de 160 anos desde a invenção do saxofone. Nesse período, nenhum mito é tão expressivo quanto os que cercam os famosos Mark VI. Mas muitos músicos não sabem de fato o que é real e o que é lenda.
Afinal, o que são os Mark VI? O famigerado modelo nada mais é que um dos saxofones produzidos pela Henri Selmer Paris a partir de 1954. Eles foram fabricados até o ano de 1974, quando foram substituídos pelo modelo Mark VII.
O namoro da Selmer Paris com os saxofones começou na verdade em 1922, com o lançamento do Model 22 e, quatro anos depois, do Model 26. As novidades da empresa acabaram por entrar na era de ouro das big bands com novos modelos, como o Cigar Cutter e o Radio Improved.
Somente em 1936 a marca começou a despontar entre os melhores fabricantes de saxofones, com o lançamento do modelo Balanced Action. Esse instrumento trouxe grandes inovações técnicas e ergonômicas, como a mudança das notas graves – Si bemol, Si e Dó sustenido – para o lado direito da campana, o que tornou o acionamento o mecanismo dos graves e também do Sol sustenido mais ágil.
Todas essas melhorias constituíram um marco nos saxofones da época. Aos poucos, outras inovações foram inseridas, como o deslocamento da campana e outros detalhes em alguns mecanismos. As mudanças foram patenteadas pela Selmer e acabaram por ditar os padrões de projetos de saxofones fabricados depois do período e, claro, nos dias de hoje.
Na linha das melhorias, a Selmer lançou, em 1948, o modelo Super Action ou Super Balanced Action, que não recebeu os mesmos aplausos que se antecessor. Finalmente, em 1954, a marca voltou a brilhar com o modelo que ficaria muito famoso, o Mark VI. O lançamento firmou a linha Selmer Paris entre os melhores saxofones do mercado, fama que dura até hoje e se estende inclusive aos primos homônimos o instrumento, fabricados pela Selmer nos Estados Unidos e na Ásia. Por isso mesmo é muito comum encontrar vendedores que supervalorizam o instrumento somente por trazer o nome Selmer, o que gera grande confusão. Vale a pena tocar no assunto para esclarecer os fatos e derrubar mitos, como o que diz que os saxofones Selmer são os melhores do mundo.
O PRIMEIRO MITO
Primeiramente, caracterizar qualquer instrumento de melhor do mundo é forçar a barra. Isso é pura lenda. Todos os modelos e marcas de saxofones têm seus exemplares bons e ruins. É comum, por exemplo, testar dois saxofones exatamente iguais e notar diferenças importantes entre eles. Eu mesmo já constatei o fato diversas vezes, inclusive com instrumentos zerados na loja.
Até o fechamento desta edição, figuravam no site da Selmer (WWW.selmer.com) três links distintos. O primeiro indicava os saxofones Selmer Paris, outro mostrava os saxofones Selmer USA e havia ainda chamadas distintas para os modelos La Voix e La Vie. A linha Selmer Paris é definida no site como de saxofones profissionais, vindos da fábrica situada na França. Já os instrumentos mostrados na página da Selmer Estados Unidos são caracterizados como saxofones intermediários e para estudantes. Os outros não trazem mais detalhes no site, mas sabemos que são fruto da Conn-Selmer Incorporation, que lançou modelos básicos, simples e baratos como os Prelude, produzidos em Taiwan. Na seqüência foram lançados modelos um pouco melhores, o La Voix e o La Vie, também fabricados na Ásia.
Diante das considerações publicadas no site da empresa, é possível ter uma idéia da grande diferença de qualidade e de preços dos diversos modelos de saxofones Selmer. Devemos pensar também sobre quais são os parâmetros para afirmar que determinada marca ou modelo de saxofone é o melhor do mundo. São tantas as variáveis que a análise passa a ser muito subjetiva.
QUANDO A LENDA ENCONTRA A MODERNIDADE
Os modelos que vieram depois do Mark VI não fizeram tanto sucesso e perderam mercado para outros fabricantes de peso, como as fábricas japonesas da Yamaha e da Yanagisawa. Mesmo assim, a essa altura, a lenda dos Mark VI foi subindo a cabeça dos saxofonistas. Por isso, em uma grande jogada de marketing recente, a Selmer Paris lançou dois novos modelos no mercado: o Reference 54 e o Reference 36. Cada um deles traz no nome a referência ao ano de lançamento de seus antecessores, o Balanced Action de 1936 e o Mark VI de 1954, ambos aclamados como os melhores modelos do mundo já produzidos. Os novos saxofones surgiram em parceria com o slogam “Reference 36 54, quando a lenda encontra a modernidade”.
AS HISTÓRIAS DO MARK VI
No decorrer dos anos, vários outros mitos a respeito do Mark VI foram criados. 
Confiram alguns:
MITO 1: Os saxofones Mark VI fabricados até 1962 e cujo número de série tem apenas cinco dígitos são os melhores. A partir de 1963, os números de série passaram a ter seis algarismos.
MITO 2: Os primeiros instrumentos Mark VI são melhores, pois sua liga de metal foi fabricada a partir de sucata de peças de artilharia. Já ouvi outras variantes desse mesmo mito, como a utilização de capacetes e cartuchos de balas da Segunda Guerra Mundial para construção do sax e outros.
MITO 3: A partir de determinado número de série (cada boato cria um número diferente), a liga de metal utilizada na fabricação do Mark VI empobreceu, assim como a qualidade dos instrumentos.
MITO 4: Os últimos Mark VI fabricados não são tão bons, pois Henry Selmer morreu e ‘levou o segredo para o túmulo’.
Estes são apenas alguns dos mitos e lendas, os mais difundidos por aí. Já no primeiro contato, essas histórias podem perder sua veracidade, como a que garante que o saxofone perdeu a qualidade depois que Henry Selmer morreu. O patriarca da empresa faleceu muito antes da fabricação do modelo Mark VI.
Sobre os exemplares mais novos ou com menor número de série, o argumento pode ser relativo. Para comprovar ou refutar a afirmação, seria necessário analisar dezenas ou centenas de Mark VI diferentes, e mesmo assim, a margem de erro da experiência seria grande. Diante disso, volto a questionar: quais são os critérios para tais avaliações?
Quando testamos a afinação e a ergonomia de um sax, por exemplo, é possível expressar os resultados em dados concretos. No entanto, quando a análise entra no campo do timbre, ela invade um quesito muito importante e pessoal que não se pode avaliar.
No que tange às melhorias técnicas e ergonômicas, muitos saxofonistas e até mesmo famosos luthiers afirmam que a Selmer Paris realmente fez história e “reinventou” o instrumento. Por outro lado, ao analisar timbre, um critério muito subjetivo, essa unanimidade desaparece. Então aparecem sérios concorrentes ao Balanced Action e ao Mark VI. Instrumentos antigos, conhecidos como vintages, fazem frente ao mito e aqui podemos citar algumas marcas, como Conn Ladyface, King Super 20 e Buesher 400.
Atualmente, quando falamos de sopranos, barítonos e altos, os Mark VI não são tão preferidos assim e perdem, principalmente, para os modelos modernos.
AVERSÃO AO MARK VI?
Existe ainda um interessante mito ao avesso, ou seja, contra o modelo Mark VI. Talvez por causa de tanto exagero a respeito do assunto, algumas pessoas criaram aversão ao Mark VI e, a partir daí, surgem argumentos que tentam derrubar a fama dos instrumentos.
Um deles afirma que, com o avanço tecnológico, qualquer fábrica pode construir instrumentos iguais e até melhores que o Mark VI. A tese é bastante plausível. No entanto, ao analisarmos a forma como os saxofones são fabricados hoje em dia, podemos notar que grande parte da produção é artesanal e depende muito de mão-de-obra especializada. Isso dá mais força aos mitos que afirmam que os antigos artesãos foram deixando a Selmer e as novas pessoas responsáveis pela fabricação não tinham a mesma competência.
Vídeos e fotos circulam na internet em sites da Yamaha, Selmer Paris, Julius Keilwerth e outros mostrando as etapas de fabricação dos saxofones. Diante disso, podemos concluir que o maquinário empregado hoje em dia não é diferente do utilizado nas décadas de 1940 e 1950. A construção de instrumentos ainda fica à mercê dos próprios artesãos.
CONSIDERAÇÕES
Existem sim, modelos Mark VI maravilhosos, mas são caros e cada vez mais raros. Isso porque não são mais fabricados. Há sempre um crescente número de músicos atrás desses exemplares, que são disputados até mesmo por colecionadores que nem tocam saxofones. Sem contar a depreciação do instrumento com o passar dos anos – alguns não têm sequer conserto.
Essa efemeridade do Mark VI é um fator em relação ao qual se deve ficar atento. É que a grande procura por tais instrumentos faz com que exista no mercado um número muito maior de modelos ruins. Até mesmo algumas falsificações podem aparecer.
Ruim, bom ou excelente. Para não errar, o melhor a fazer é testar sempre. Abstenha-se do nome Mark VI ou de qualquer outro e não se deixe levar pelos mitos e histórias. Confie no seu ouvido e bom gosto. Lembre-se de que, como regra geral, cada marca de sax, seja ela famosa ou não, sempre terá os exemplares bons ou ruins.

Fonte: Revista Sax & Metais

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É pior do que pensava

Desiludido, Tiririca quer voltar a ser palhaço

Deputado mais votado no país em 2010, Tiririca (PR-SP) quer voltar a ser só palhaço. Desiludido com a política, ele disse à Folha que não disputará mais eleições e, findo seu mandato, em fevereiro de 2015, irá se desfiliar do PR.
Na metade da legislatura, Tiririca, que se elegeu com a promessa de descobrir o que faz um deputado, disse que já entendeu que "não dá para fazer muita coisa".
O desalento, no entanto, não é a razão para deixar o salário de R$ 26,7 mil, verba de gabinete de R$ 97.200 e direito a apresentar R$ 15 milhões em emendas.
A justificativa é a falta de tempo para se dedicar ao que mais gosta: fazer shows (que lhe rendem mais dinheiro do que a Câmara). "Eu sou artista popular. Aqui me prende muito. A procura pelos shows é enorme e não dá para fazer", afirma ele.

Tiririca

Francisco Everaldo Oliveira Silva, 45, o palhaço Tiririca, disse que deixará a política após o fim do seu mandato
Acompanhar o crescimento de sua filha de três anos é outra razão. "Esses dias ela saiu nadando, é muito massa." Pai de seis filhos, Tiririca diz que não pôde estar perto dos demais e não quer repetir o erro com a pequena.
Quando voltar aos palcos, ele promete não fazer piada sobre político. "Quando a gente está fora acha que deputado não faz nada, mas eles trabalham para caramba."
Nestes dois anos na Câmara, diz ter aprendido muito: "Aqui é uma escola. Se aprende tanto ir para o caminho legal quanto ir para o 'outro caminho" [diz não ter sido convidado a entrar]. Descobriu, porém, que política não faz parte de seu projeto pessoal.
E já deixou de lado os ternos importados (Armani e Hugo Boss) que usava para imitar boa parte dos líderes do Congresso. Adotou um visual mais moderno, que inclui paletó de veludo colorido, calça jeans e gravatas inusitadas. Agora, mandou fazer camisas personalizadas. Pediu um tecido que se adapte ao clima seco da capital.
Os novos trajes já renderam brincadeiras entre os deputados mas também ajudam Tiririca a se entrosar. No tempo em que está na Câmara, fez pelo menos oito amigos, entre eles seu candidato à presidência da Câmara, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que perdeu a disputa ontem: "É um cara bacana".
Sobre o fato de ainda não ter discursado na tribuna da Câmara, desconversa: "Para falar o quê? Nenhum projeto foi aprovado. No dia que for, eu subo para agradecer".

Fonte: Folha de SP
MÁRCIO FALCÃO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA