domingo, 8 de dezembro de 2013

Show do Rei



Emoções
                                                                                Hermance G. Pereira


            O show de Roberto Carlos continua algo digno de ser visto. Há quase duas décadas não via o Rei ao vivo, e tinha dúvidas se ainda valia a pena deslocar-me até Campina Grande para tal. Afinal, não sou um dos grandes fãs, e Roberto não é meu cantor preferido.
            Bastou chegar ao Spazio para dissipar qualquer dúvida. A produção minuciosa e caprichada – extremamente profissional – já assegurava que a apresentação seria marcante.  Iluminação belíssima, efeitos impressionantes e som bem distribuído. Para os mais exigentes, e como nada é perfeito, poderíamos dizer que ao engenheiro de som responsável , faltou ajustar um pouco melhor os “médios” (faixa da equalização onde se coloca a voz humana). Nada que comprometesse, entretanto, a qualidade.
            Quanto à orquestra, nenhuma surpresa. Afinadíssima, com todos os naipes em harmonia. O show começa com o maestro Lages regendo o público num pout  pourri das canções antigas. Cinco  mil vozes erguem-se e entoam várias músicas, enquanto aguardam a entrada do astro.
            De repente, entra o Rei, calça e paletós brancos, camisa azul , e ataca de “Emoções” . A casa quase veio abaixo. 
            Por uma hora e meia Roberto se apresenta como um artista na maturidade. Interage com a plateia, e canta , canta muito bem. É inteligente o bastante para cantar o que o povo quer ouvir: as canções antigas e clássicas. Nada de chutar latas. Canta a Jovem Guarda , canta Detalhes (única em que toca violão) , Emoções, Desabafo,  Lady Laura, Calhembeque, e tantas outras do repertório antigo. Enquanto cantava “Nossa Senhora” , todo mundo acompanhava movimentando os braços. Meu compadre Juca, com a verve cáustica peculiar, questiona: será que estamos em pecado, cantando Nossa Senhora e balançando os copos de whisky? Das músicas novas, apenas Esse cara sou Eu foi entoada. Como dito, Roberto sabe o que o público quer. Encerra o show, sem direito a “mais uma” , com “Jesus Cristo eu estou aqui” , e com a tradicional distribuição de rosas, devidamente beijadas, para os fãs das primeiras filas. Na saída, no estacionamento, vi alguns vendendo as rosas beijadas por cem reais. Havia gente comprando.

            Não restaram dúvidas. Mesmo para os não muito apaixonados, vale a pena ver o show de Roberto Carlos. Confirmando o adágio popular, não perdeu a majestade.