domingo, 8 de dezembro de 2013

Show do Rei



Emoções
                                                                                Hermance G. Pereira


            O show de Roberto Carlos continua algo digno de ser visto. Há quase duas décadas não via o Rei ao vivo, e tinha dúvidas se ainda valia a pena deslocar-me até Campina Grande para tal. Afinal, não sou um dos grandes fãs, e Roberto não é meu cantor preferido.
            Bastou chegar ao Spazio para dissipar qualquer dúvida. A produção minuciosa e caprichada – extremamente profissional – já assegurava que a apresentação seria marcante.  Iluminação belíssima, efeitos impressionantes e som bem distribuído. Para os mais exigentes, e como nada é perfeito, poderíamos dizer que ao engenheiro de som responsável , faltou ajustar um pouco melhor os “médios” (faixa da equalização onde se coloca a voz humana). Nada que comprometesse, entretanto, a qualidade.
            Quanto à orquestra, nenhuma surpresa. Afinadíssima, com todos os naipes em harmonia. O show começa com o maestro Lages regendo o público num pout  pourri das canções antigas. Cinco  mil vozes erguem-se e entoam várias músicas, enquanto aguardam a entrada do astro.
            De repente, entra o Rei, calça e paletós brancos, camisa azul , e ataca de “Emoções” . A casa quase veio abaixo. 
            Por uma hora e meia Roberto se apresenta como um artista na maturidade. Interage com a plateia, e canta , canta muito bem. É inteligente o bastante para cantar o que o povo quer ouvir: as canções antigas e clássicas. Nada de chutar latas. Canta a Jovem Guarda , canta Detalhes (única em que toca violão) , Emoções, Desabafo,  Lady Laura, Calhembeque, e tantas outras do repertório antigo. Enquanto cantava “Nossa Senhora” , todo mundo acompanhava movimentando os braços. Meu compadre Juca, com a verve cáustica peculiar, questiona: será que estamos em pecado, cantando Nossa Senhora e balançando os copos de whisky? Das músicas novas, apenas Esse cara sou Eu foi entoada. Como dito, Roberto sabe o que o público quer. Encerra o show, sem direito a “mais uma” , com “Jesus Cristo eu estou aqui” , e com a tradicional distribuição de rosas, devidamente beijadas, para os fãs das primeiras filas. Na saída, no estacionamento, vi alguns vendendo as rosas beijadas por cem reais. Havia gente comprando.

            Não restaram dúvidas. Mesmo para os não muito apaixonados, vale a pena ver o show de Roberto Carlos. Confirmando o adágio popular, não perdeu a majestade.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

PEC 31 precisa ir para o arquivo morto.

ASCOM/AMB
10.09.2013  19:03
Magistratura e Ministério Público se mobilizam pelo arquivamento da PEC 31
Michel Medeiros
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 31/2013 voltou a ser discutida, nesta terça-feira (10), durante reunião do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (Copter), em Brasília. No decorrer do encontro, o Presidente da AMB, Nelson Calandra, expôs a necessidade de uma articulação conjunta a fim de impedir a tramitação da pauta, que pretende federalizar a estrutura organizacional da Justiça Eleitoral no país.
A reunião foi conduzida em parceria com o Presidente do Copter, Flávio Pascarelli, e contou com a presença de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), Presidentes dos Tribunais de Justiça, Presidentes das Associações estaduais de Magistratura, do Presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), César Becharra Nader Mattar Júnior, de Magistrados e representantes do MP.
O Presidente da AMB iniciou sua fala ressaltando o passo a passo da tramitação da proposta nas duas últimas semanas e os resultados das articulações com parlamentares. “Conseguimos suspender por duas vezes a votação da proposta, a fim de levá-las ao conhecimento de todos e debater uma saída conjunta para a pauta”, disse ele.
Para o Magistrado, a reunião desta tarde foi um importante avanço na luta da Magistratura estadual. “Nós conseguimos multiplicar nossa força de mobilização e, hoje, estamos falando em nome de 35 mil Magistrados e membros do MP”, disse Calandra. O Presidente da AMB ressaltou não tratar-se de uma discussão corporativa, mas da preocupação da Justiça brasileira com a alteração da estrutura da entidade mais respeitada nacionalmente, que é a Justiça Eleitoral brasileira.
O Presidente do Copter ratificou a necessidade de um trabalho conjunto. “Essa reunião foi a mais positiva que tivemos até agora. Daqui vamos tirar uma manifestação de repúdio à PEC 31 que será apresentada aos Senadores”, explicou.
Magistrados manifestam repúdio à Proposta
Durante o encontro, Magistrados e representantes do MP expuseram sua preocupação com a pauta. A Juíza Branca Berbardi, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), afirmou a sua preocupação com a mudança da Corte eleitoral às vésperas do pleito eleitoral. “Não há nenhuma demonstração de interesse público por parte daqueles que articularam a PEC 31. O Tribunal de Justiça do Paraná elaborou uma moção de repúdio a ser enviada ao Senado. Sugiro que todos os estados tomem a mesma providência”, declarou.
O Presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR), Gursen De Miranda, também manifestou sua oposição à matéria e falou sobre o estudo que apresentou aos parlamentares. “A Proposta é inconstitucional, já que há um vício de iniciativa. A alteração da estrutura do Poder Judiciário cabe aos Tribunais Superiores e não ao Legislativo”, declarou.
Opinião compartilhada pela Diretora da Secretaria de Defesa de Direitos e Prerrogativas, Marília de Castro Neves Vieira. “Nós estamos tentando garantir as prerrogativas da Magistratura estadual, sem ferir as prerrogativas da Magistratura Federal. Temos que caminhar unidos e a PEC que tramita no Senado vai na contramão desse anseio”, avaliou.
O Diretor-Adjunto da Secretaria de Defesa de Direitos e Prerrogativas Carlos Mattioli que, na ocasião, representou o Presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar),Fernando Ganem, afirmou que o projeto  pegou a todos de surpresa. “A PEC poderia ter sido votada semana passada, não fosse a mobilização rápida da AMB. Agora, estamos debatendo fortemente com os Senadores do país pelo arquivamento ou adiamento da pauta, em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ)”, completou.
Antes da reunião desta tarde, Calandra encontrou-se com a Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TRE) com quem conversou sobre a inconstitucionalidade do item.
Também participaram do encontro o Secretário-Geral da AMB, Thiago Massad, e o Diretor-Adjunto da Secretaria de Defesa de Direitos e Prerrogativas, Flávio Moulin, além de Presidentes das Associações estaduais de Magistrados.





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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Levarei sua alma



LEVAREI SUA ALMA
                                                                      Hermance Gomes Pereira
                        O cinema de José Mojica Martins anda meio esquecido em terras brasileiras. Só em terras brasileiras. Mundo à fora, desde que abiscoitou prêmios em festivais na França, EUA, Espanha e Itália nas décadas de 60 e 70, Zé do Caixão (Coffin Joe para os estrangeiros) nunca saiu de moda.
                        É tratado como gênio do cinema  trash , e ainda lota salas de exibição do dito “Circuito B”. Parte de sua obra cinematográfica foi digitalizada e é vendida em caixas contendo vários DVDs.
                        No Brasil seu público é restrito. Rótulos são difíceis de descolar e ninguém foi mais rotulado no meio artístico do que Mojica. Conseguiu a proeza de desagradar a esquerda e a direita nos anos de chumbo. A intelectualidade de esquerda achava-o descomprometido com a luta social – no que estava coberta de razão: Mojica sempre disse que fazia filmes “porque gostava”,  o que era considerado anátema para os que entendiam cinema como meio de fazer revolução. A direita simplesmente não entendia nada e um técnico de censura (sim, eles existiram) ao emitir parecer sobre “O Despertar da Besta” chegou a recomendar a prisão do diretor.
                        A trajetória do mais polêmico diretor de cinema do Brasil é traçada por André Barcinski e Ivan Finotti em  “MALDITO – a vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão” Editora 34, São Paulo.
                        Jorge Amado  reclamava que a nossa literatura é pobre em biografias. Este trabalho vem enriquecer um pouco o cenário, com a grande vantagem de ter sido lançado quando o biografado está vivo e tentando fazer o que sabe: cinema.
                        A narrativa chega a ser comovente quando se descobre a força despendida por Mojica para produzir cinema: vendia, literalmente, até as roupas para comprar algumas latas de negativo. Passava meses alimentando-se de torresmo e ovo de codorna por absoluta falta de dinheiro. Não sofreu sozinho. Com ele, mulher (ou mulheres no seu caso) e filhos também passavam necessidade, pois os móveis da casa e por fim, a própria casa , também entravam na dança: vendidos para terminar um  filme.
                        Seus estúdios e escolas de interpretação funcionaram nos mais inusitados locais: galinheiros, sinagogas, fundos de quintal, etc.  O importante era filmar. E ele o fez intensamente. Dirigindo, atuando, ou fazendo as duas coisas ao mesmo tempo, Mojica está em mais de cem filmes. Isso para não falar em livros, rádio,  teatro, televisão, gibis e discos (dois, absolutamente infames).
                        Apesar de ter feito várias fortunas para os outros – principalmente produtores e distribuidores – Mojica continuou pobre de Jó, em parte por sua total incompetência para gerir e administrar, em parte pelo imenso coração que considerava natural sustentar dezenas de pessoas – muitos aproveitadores, tão logo tinha um  tostão no bolso.
                        O lado bem humorado da narrativa fica por conta dos desencontros amorosos de Mojica: houve época em que esteve casado com quatro mulheres ao mesmo tempo, todas morando no mesmo bairro e sem sequer desconfiarem da existência das outras.  Chegou ao requinte de pedir ao seu pai, Antônio Marins, que registrasse os filhos de uma delas como seus. Ou seja, legalmente, Mojica tornou-se irmão dos próprios filhos. Absolutamente hilariantes e funcionais são as manobras de marketing desenvolvidas por Zé do Caixão. Basta lembrar a campanha “O Diabo é Nosso” lançada concomitantemente com o filme Exorcismo Negro (1974) que concorria diretamente com “O Exorcista” (The Exorcist, de  William Friedkin). Mojica entendia que não precisávamos de  diabo norte-americano: “o diabo brasileiro é melhor”.
                        Sem jamais receber um único centavo de órgãos públicos (nada da Embrafilme , de onde outros amealharam rios de dinheiro para produzir mediocridade ) fez cinema sem parar por décadas, por pura paixão, com energia inesgotável, mesmo com a saúde combalida por doenças cardíacas e alcoolismo.
                        Gostar ou não do trabalho de Mojica envolve fatores diversos. Glauber Rocha costumava gritar dentro dos cinemas, enquanto assistia aos filmes: “GÊNIO, ESSE CARA É UM GÊNIO”. O que não se pode negar é o caráter inovador e experimental de suas películas.
                        Inaugurou no Brasil o gênero do terror com “À Meia Noite Levarei sua Alma” (1964). Filmou de planos jamais vistos,  criou linguagem nova, ousou. Depois, premido pela necessidade, inaugurou o cinema de sexo explícito (quem, hoje na faixa dos 40 anos, não lembra de “24 Horas de Sexo Ardente” e sua continuação “48 Horas de Sexo Alucinante”?) em fins da década de 70.
                        “À Meia Noite Levarei sua Alma” é o primeiro grande sucesso de Mojica, foi precedido pelos insignificantes “Sentença de Deus” (1954), “A Sina do Aventureiro” (1957/1958) e “Meu Destino em Tuas Mãos” (1961/1962), e mereceu da crítica de cinema Tati Morais (Jornal Última Hora) o seguinte comentário: “Confessamos alguns pulos na cadeira enquanto assistimos a esse delicioso horror nacional. À Meia Noite Levarei sua Alma, o primeiro do gênero a ser feito aqui no Brasil e que é para ser visto metade à sério, metade rindo (o público reage na hora exata), fórmula ideal para o humor negro...Seu expressionismo é ajudado por uma cenografia imaginativa na escolha, ora horrenda, ora humorística dos elementos habituais do horror e mais alguns outros inventados por conta própria. Os ingleses, até agora donos supremos do gênero, teriam coisas a aprender com Mojica”.
                        Mojica não dirige um filme inteiramente seu desde os anos 80, para desgosto de seus fãs americanos e europeus. O livro tenta não deixa-lo cair no esquecimento em seu próprio país.
                       

terça-feira, 21 de maio de 2013


"Nota sobre Cálice"
Por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

Este é mais um exemplo de letra contra a censura, predominante entre nossos compositores à época (1973) em que a canção foi criada. Na verdade, "Cálice" destinava-se a um grande evento promovido pela PolyGram, que reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco, e no qual deveria ser cantada por Gilberto Gil e Chico Buarque. No livro Todas as letras, Gil narra em detalhes a história da canção, a começar pelo encontro inicial dos dois no apartamento em que Chico morava, na Lagoa Rodrigo de Freitas, ocasião em que lhe mostrou os versos que fizera na véspera, uma sexta-feira da Paixão. Tratava-se do refrão ("Pai, afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue"), uma óbvia alusão à agonia de Jesus no Calvário, cuja ambigüidade (cálice / cale-se) foi imediatamente percebida por Chico. Gil levara-lhe ainda a primeira estrofe ("Como beber dessa bebida amarga / tragar a dor, engolir a labuta / mesmo calada a boca, resta o peito / silêncio na cidade não se escuta / de que vale ser filho da santa / melhor seria ser filho da outra..."), lembrando a "bebida amarga", uma bebida italiana chamada Fernet, que o dono da casa muito apreciava e sempre lhe oferecia, enquanto "o silêncio na cidade não se escuta" significava que "no barulho da cidade não é possível escutar o silêncio", ou "não adianta querer o silêncio porque não há silêncio", ou seja, metaforicamente: "não há censura, a censura é uma quimera", pois "mesmo calada a boca, resta o peito, resta a cuca". Deste e mais outro encontro, dias depois, saíram a melodia e as demais estrofes, quatro no total, sendo a primeira e a terceira ("De muito gorda a porca já não anda...") de Gil, a segunda ("Como é difícil acordar calado...") e a quarta ("Talvez o mundo não seja pequeno...") de Chico. No dia do show, quando os dois começaram a cantar "Cálice" desligaram o microfone. "Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo-nos sido recomendado que não a cantássemos, mas nós fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la", conclui Gil. Irritadíssimo com o microfone desligado, Chico tentava outro mais próximo, que era cortado em seguida, e assim, numa cena tragicômica, foram todos sendo "calados", impedindo-o de cantar "Cálice" até o fim. Liberada cinco anos depois, a canção foi incluída no elepê anual de Chico, com ele declarando que aquele não era o tipo de música que compunha na época (estava trabalhando no repertório de "Ópera do Malandro"), mas teria que ser registrado, pois sua tardia liberação (juntamente com "Apesar de Você" e "Tanto Mar") não pagava o prejuízo da proibição. Na gravação, as estrofes de Gilberto Gil, que estava trocando a PolyGram pela WEA, são interpretadas por Milton Nascimento, fazendo o coro o MPB 4, em dramático arranjo de Magro."

Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34

terça-feira, 14 de maio de 2013


Casal homossexual poderá casar em cartório, decide CNJ

Conselho também obriga cartório a converter união estável em casamento. Para Barbosa, medida visa dar efetividade à decisão de 2011 do STF.
14/05/2013 10h03 - 

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (14), por maioria (14 votos a 1), uma resolução que obriga os cartórios de todo o país a celebrarem o casamento civil e converterem a união estável homoafetiva em casamento. Os cartórios não poderão rejeitar o pedido, como acontece atualmente em alguns casos. A decisão do CNJ poderá ser questionada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o presidente do CNJ e autor da proposta, Joaquim Barbosa, a resolução visa dar efetividade à decisão tomada maio de 2011 pelo Supremo, que liberou a união estável homoafetiva.
Conforme o texto da resolução, caso algum cartório se recuse a concretizar o casamento civil, o cidadão deverá comunicar o juiz corregedor do Tribunal de Justiça local. "A recusa implicará imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para providências cabíveis."
A decisão do CNJ valerá a partir da publicação no "Diário de Justiça Eletrônico", o que ainda não tem data para acontecer.
Reportagem publicada pelo G1 nesta terça mostrou que, no último ano, pelo menos 1.277 casais do mesmo sexo registraram suas uniões nos principais cartórios de 13 capitais, segundo levantamento preliminar da Associação de Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR).
Atualmente, para concretizar a união estável, o casal homossexual precisa seguir os trâmites em cartório. Até agora, para o casamento, eles pediam conversão da união estável em casamento e isso ficava a critério de cada cartório, que podia ou não conceder. Agora, a conversão passa a ser obrigatória - a decisão será administrativa, dentro do próprio cartório. O cartório, embora órgão extrajudicial, é subordinado ao TJ do estado.
O casamento civil de homossexuais também está em discussão no Congresso Nacional. Para Joaquim Barbosa, seria um contrassenso esperar o Congresso analisar o tema para se dar efetividade à decisão do STF. "Vamos exigir aprovação de nova lei pelo Congresso Nacional para dar eficácia à decisão que se tomou no Supremo? É um contrassenso."
De acordo com Barbosa, a discussão sobre igualdade foi o "cerne" do debate no Supremo. "O conselho está removendo obstáculos administrativos à efetivação de decisão tomada pelo Supremo e que é vinculante [deve ser seguida pelas instâncias inferiores]."
Recurso 
A decisão pode ser questionada no STF. Nesse caso, pode ser feito por meio de um mandado de segurança, tipo de ação que é feita para questionar ato do poder público.
O processo seria distribuído para algum ministro relatar, e o interessado poderia solicitar suspensão da resolução por meio de liminar (decisão provisória). Nesse caso, o relator decidiria entre suspender provisoriamente ou levar direto para discussão no plenário.
União estável x casamento civil 
Segundo Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), união estável e casamento civil garantem os mesmos direitos sobre bens. Nos dois casos, há um contrato assinado em cartório. A diferença é que, pela união estável, o cidadão continua solteiro no estado civil.
"Atualmente, se os direitos são estabelecidos no contrato, é a mesma coisa que um casamento. Se convenciona o que cada um tem dever, que os bens adquiridos antes e durante não comungam (se dividem) ou se todos os bens comungam."
Ao abrir uma conta bancária, por exemplo, um cidadão oficialmente solteiro, mesmo que tenha união estável, não precisa indicar os dados do companheiro. Já no caso do casado, precisa.
"O casamento é uma união formal. É possível se estabelecer comunhão parcial, comunhão total ou separação parcial. Mas se houver um contrato, a união estável dá os mesmos direitos."
Em maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito da união estável para casais do mesmo sexo. A decisão serve de precedente para outras instâncias da Justiça.

Fonte: Atualizado em 14/05/2013 10h44
Por Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília

quinta-feira, 28 de março de 2013



Pedestres e Ciclovias
         Não consigo entender, por mais que me esforce e dê tratos à bola, porquê diabos algumas pessoas caminham e correm nas ciclovias.
         Existe um calçadão imenso e largo que acompanha toda a nossa orla urbana, que vai da estátua de Yemanjá, no final do Cabo Branco, até o começo da Praia do Bessa. A grande maioria dos esportistas adeptos da caminhada e da corrida utiliza-se desse espaço a eles destinado sem qualquer problema.
         Mas, tem sempre uma parcela desses atletas que preferem a ciclovia. Saliente-se que a nossa cidade é muito pobre em ciclovias, e as que existem não são exatamente um primor de conservação e segurança. O quadro se agrava muito com a insistência desses caminhantes e corredores mal educados.
         Recentemente, enquanto tentava pedalar em paz, testemunhei uma cena que por pouco não se transformou em sério acidente: Um sujeito corria na ciclovia, quando, em sentido contrário, vinham vários ciclistas – todos muito bem visíveis, com avisos eletrônicos piscando. O idiota ao ver as bicicletas passou rapidamente para o outro lado da ciclovia, sem perceber que por trás dele vinha uma senhora pedalando na mão direita. A mulher gritou desesperada e o “artista” responsável por todo o problema tentou voltar, exatamente para a frente do grupo de ciclistas, vendo que não ia dar, pulou para a areia, proferindo palavrões contra os ciclistas.
         Por pouco não se deu uma colisão envolvendo sete ou oito bicicletas e um pedestre, por culpa exclusiva deste, com consequências imprevisíveis, mas, certamente danosas para os envolvidos.
         O que mais me chamou a atenção foi a revolta injustificada do camarada. Ele que estava errado. Ele que ia provocando um grave acidente.
         Só a profunda e negra ignorância pode explicar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Desde que comecei a estudar Saxofone , descobri que - além do imenso prazer que o instrumento proporciona a quem ousa toca-lo, é igualmente prazeiroso pesquisar o assunto. De logo desejei ter um Selmer Mark VI (não confundir com o Selmer Bundy, fabricado nos EUA - a história dos irmãos Selmer, o francês e o norteamericano, conto outro dia). Vi que a maioria dos saxofonistas idolatra o Mark VI , tido por quase todos como o melhor Sax jamais fabricado. Para fazer um contraponto , transcrevo esse artigo do professor Márcio Rangel. Espero não contribuir para destruir o sonho de nenhum saxofonista. Ainda pretendo tocar nessa lenda.



MARK VI: MITO OU REALIDADE

Por: Marcio Rangel
Já se vão mais de 160 anos desde a invenção do saxofone. Nesse período, nenhum mito é tão expressivo quanto os que cercam os famosos Mark VI. Mas muitos músicos não sabem de fato o que é real e o que é lenda.
Afinal, o que são os Mark VI? O famigerado modelo nada mais é que um dos saxofones produzidos pela Henri Selmer Paris a partir de 1954. Eles foram fabricados até o ano de 1974, quando foram substituídos pelo modelo Mark VII.
O namoro da Selmer Paris com os saxofones começou na verdade em 1922, com o lançamento do Model 22 e, quatro anos depois, do Model 26. As novidades da empresa acabaram por entrar na era de ouro das big bands com novos modelos, como o Cigar Cutter e o Radio Improved.
Somente em 1936 a marca começou a despontar entre os melhores fabricantes de saxofones, com o lançamento do modelo Balanced Action. Esse instrumento trouxe grandes inovações técnicas e ergonômicas, como a mudança das notas graves – Si bemol, Si e Dó sustenido – para o lado direito da campana, o que tornou o acionamento o mecanismo dos graves e também do Sol sustenido mais ágil.
Todas essas melhorias constituíram um marco nos saxofones da época. Aos poucos, outras inovações foram inseridas, como o deslocamento da campana e outros detalhes em alguns mecanismos. As mudanças foram patenteadas pela Selmer e acabaram por ditar os padrões de projetos de saxofones fabricados depois do período e, claro, nos dias de hoje.
Na linha das melhorias, a Selmer lançou, em 1948, o modelo Super Action ou Super Balanced Action, que não recebeu os mesmos aplausos que se antecessor. Finalmente, em 1954, a marca voltou a brilhar com o modelo que ficaria muito famoso, o Mark VI. O lançamento firmou a linha Selmer Paris entre os melhores saxofones do mercado, fama que dura até hoje e se estende inclusive aos primos homônimos o instrumento, fabricados pela Selmer nos Estados Unidos e na Ásia. Por isso mesmo é muito comum encontrar vendedores que supervalorizam o instrumento somente por trazer o nome Selmer, o que gera grande confusão. Vale a pena tocar no assunto para esclarecer os fatos e derrubar mitos, como o que diz que os saxofones Selmer são os melhores do mundo.
O PRIMEIRO MITO
Primeiramente, caracterizar qualquer instrumento de melhor do mundo é forçar a barra. Isso é pura lenda. Todos os modelos e marcas de saxofones têm seus exemplares bons e ruins. É comum, por exemplo, testar dois saxofones exatamente iguais e notar diferenças importantes entre eles. Eu mesmo já constatei o fato diversas vezes, inclusive com instrumentos zerados na loja.
Até o fechamento desta edição, figuravam no site da Selmer (WWW.selmer.com) três links distintos. O primeiro indicava os saxofones Selmer Paris, outro mostrava os saxofones Selmer USA e havia ainda chamadas distintas para os modelos La Voix e La Vie. A linha Selmer Paris é definida no site como de saxofones profissionais, vindos da fábrica situada na França. Já os instrumentos mostrados na página da Selmer Estados Unidos são caracterizados como saxofones intermediários e para estudantes. Os outros não trazem mais detalhes no site, mas sabemos que são fruto da Conn-Selmer Incorporation, que lançou modelos básicos, simples e baratos como os Prelude, produzidos em Taiwan. Na seqüência foram lançados modelos um pouco melhores, o La Voix e o La Vie, também fabricados na Ásia.
Diante das considerações publicadas no site da empresa, é possível ter uma idéia da grande diferença de qualidade e de preços dos diversos modelos de saxofones Selmer. Devemos pensar também sobre quais são os parâmetros para afirmar que determinada marca ou modelo de saxofone é o melhor do mundo. São tantas as variáveis que a análise passa a ser muito subjetiva.
QUANDO A LENDA ENCONTRA A MODERNIDADE
Os modelos que vieram depois do Mark VI não fizeram tanto sucesso e perderam mercado para outros fabricantes de peso, como as fábricas japonesas da Yamaha e da Yanagisawa. Mesmo assim, a essa altura, a lenda dos Mark VI foi subindo a cabeça dos saxofonistas. Por isso, em uma grande jogada de marketing recente, a Selmer Paris lançou dois novos modelos no mercado: o Reference 54 e o Reference 36. Cada um deles traz no nome a referência ao ano de lançamento de seus antecessores, o Balanced Action de 1936 e o Mark VI de 1954, ambos aclamados como os melhores modelos do mundo já produzidos. Os novos saxofones surgiram em parceria com o slogam “Reference 36 54, quando a lenda encontra a modernidade”.
AS HISTÓRIAS DO MARK VI
No decorrer dos anos, vários outros mitos a respeito do Mark VI foram criados. 
Confiram alguns:
MITO 1: Os saxofones Mark VI fabricados até 1962 e cujo número de série tem apenas cinco dígitos são os melhores. A partir de 1963, os números de série passaram a ter seis algarismos.
MITO 2: Os primeiros instrumentos Mark VI são melhores, pois sua liga de metal foi fabricada a partir de sucata de peças de artilharia. Já ouvi outras variantes desse mesmo mito, como a utilização de capacetes e cartuchos de balas da Segunda Guerra Mundial para construção do sax e outros.
MITO 3: A partir de determinado número de série (cada boato cria um número diferente), a liga de metal utilizada na fabricação do Mark VI empobreceu, assim como a qualidade dos instrumentos.
MITO 4: Os últimos Mark VI fabricados não são tão bons, pois Henry Selmer morreu e ‘levou o segredo para o túmulo’.
Estes são apenas alguns dos mitos e lendas, os mais difundidos por aí. Já no primeiro contato, essas histórias podem perder sua veracidade, como a que garante que o saxofone perdeu a qualidade depois que Henry Selmer morreu. O patriarca da empresa faleceu muito antes da fabricação do modelo Mark VI.
Sobre os exemplares mais novos ou com menor número de série, o argumento pode ser relativo. Para comprovar ou refutar a afirmação, seria necessário analisar dezenas ou centenas de Mark VI diferentes, e mesmo assim, a margem de erro da experiência seria grande. Diante disso, volto a questionar: quais são os critérios para tais avaliações?
Quando testamos a afinação e a ergonomia de um sax, por exemplo, é possível expressar os resultados em dados concretos. No entanto, quando a análise entra no campo do timbre, ela invade um quesito muito importante e pessoal que não se pode avaliar.
No que tange às melhorias técnicas e ergonômicas, muitos saxofonistas e até mesmo famosos luthiers afirmam que a Selmer Paris realmente fez história e “reinventou” o instrumento. Por outro lado, ao analisar timbre, um critério muito subjetivo, essa unanimidade desaparece. Então aparecem sérios concorrentes ao Balanced Action e ao Mark VI. Instrumentos antigos, conhecidos como vintages, fazem frente ao mito e aqui podemos citar algumas marcas, como Conn Ladyface, King Super 20 e Buesher 400.
Atualmente, quando falamos de sopranos, barítonos e altos, os Mark VI não são tão preferidos assim e perdem, principalmente, para os modelos modernos.
AVERSÃO AO MARK VI?
Existe ainda um interessante mito ao avesso, ou seja, contra o modelo Mark VI. Talvez por causa de tanto exagero a respeito do assunto, algumas pessoas criaram aversão ao Mark VI e, a partir daí, surgem argumentos que tentam derrubar a fama dos instrumentos.
Um deles afirma que, com o avanço tecnológico, qualquer fábrica pode construir instrumentos iguais e até melhores que o Mark VI. A tese é bastante plausível. No entanto, ao analisarmos a forma como os saxofones são fabricados hoje em dia, podemos notar que grande parte da produção é artesanal e depende muito de mão-de-obra especializada. Isso dá mais força aos mitos que afirmam que os antigos artesãos foram deixando a Selmer e as novas pessoas responsáveis pela fabricação não tinham a mesma competência.
Vídeos e fotos circulam na internet em sites da Yamaha, Selmer Paris, Julius Keilwerth e outros mostrando as etapas de fabricação dos saxofones. Diante disso, podemos concluir que o maquinário empregado hoje em dia não é diferente do utilizado nas décadas de 1940 e 1950. A construção de instrumentos ainda fica à mercê dos próprios artesãos.
CONSIDERAÇÕES
Existem sim, modelos Mark VI maravilhosos, mas são caros e cada vez mais raros. Isso porque não são mais fabricados. Há sempre um crescente número de músicos atrás desses exemplares, que são disputados até mesmo por colecionadores que nem tocam saxofones. Sem contar a depreciação do instrumento com o passar dos anos – alguns não têm sequer conserto.
Essa efemeridade do Mark VI é um fator em relação ao qual se deve ficar atento. É que a grande procura por tais instrumentos faz com que exista no mercado um número muito maior de modelos ruins. Até mesmo algumas falsificações podem aparecer.
Ruim, bom ou excelente. Para não errar, o melhor a fazer é testar sempre. Abstenha-se do nome Mark VI ou de qualquer outro e não se deixe levar pelos mitos e histórias. Confie no seu ouvido e bom gosto. Lembre-se de que, como regra geral, cada marca de sax, seja ela famosa ou não, sempre terá os exemplares bons ou ruins.

Fonte: Revista Sax & Metais

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É pior do que pensava

Desiludido, Tiririca quer voltar a ser palhaço

Deputado mais votado no país em 2010, Tiririca (PR-SP) quer voltar a ser só palhaço. Desiludido com a política, ele disse à Folha que não disputará mais eleições e, findo seu mandato, em fevereiro de 2015, irá se desfiliar do PR.
Na metade da legislatura, Tiririca, que se elegeu com a promessa de descobrir o que faz um deputado, disse que já entendeu que "não dá para fazer muita coisa".
O desalento, no entanto, não é a razão para deixar o salário de R$ 26,7 mil, verba de gabinete de R$ 97.200 e direito a apresentar R$ 15 milhões em emendas.
A justificativa é a falta de tempo para se dedicar ao que mais gosta: fazer shows (que lhe rendem mais dinheiro do que a Câmara). "Eu sou artista popular. Aqui me prende muito. A procura pelos shows é enorme e não dá para fazer", afirma ele.

Tiririca

Francisco Everaldo Oliveira Silva, 45, o palhaço Tiririca, disse que deixará a política após o fim do seu mandato
Acompanhar o crescimento de sua filha de três anos é outra razão. "Esses dias ela saiu nadando, é muito massa." Pai de seis filhos, Tiririca diz que não pôde estar perto dos demais e não quer repetir o erro com a pequena.
Quando voltar aos palcos, ele promete não fazer piada sobre político. "Quando a gente está fora acha que deputado não faz nada, mas eles trabalham para caramba."
Nestes dois anos na Câmara, diz ter aprendido muito: "Aqui é uma escola. Se aprende tanto ir para o caminho legal quanto ir para o 'outro caminho" [diz não ter sido convidado a entrar]. Descobriu, porém, que política não faz parte de seu projeto pessoal.
E já deixou de lado os ternos importados (Armani e Hugo Boss) que usava para imitar boa parte dos líderes do Congresso. Adotou um visual mais moderno, que inclui paletó de veludo colorido, calça jeans e gravatas inusitadas. Agora, mandou fazer camisas personalizadas. Pediu um tecido que se adapte ao clima seco da capital.
Os novos trajes já renderam brincadeiras entre os deputados mas também ajudam Tiririca a se entrosar. No tempo em que está na Câmara, fez pelo menos oito amigos, entre eles seu candidato à presidência da Câmara, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que perdeu a disputa ontem: "É um cara bacana".
Sobre o fato de ainda não ter discursado na tribuna da Câmara, desconversa: "Para falar o quê? Nenhum projeto foi aprovado. No dia que for, eu subo para agradecer".

Fonte: Folha de SP
MÁRCIO FALCÃO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Lendas Urbanas (e Rurais)

LENDAS URBANAS (e rurais)


                        Não se sabe de onde elas surgem, como surgem e como se espalham. Mas, lendas urbanas e rurais existem em todas as sociedades. Talvez o fato decorra da simples necessidade de comunicar, própria do ser humano, ou ainda da vontade de contar uma história escabrosa – há quem extraia imenso prazer disso.
                        Lembro de algumas que povoavam o imaginário da Capital na década de sessenta do século passado. A do ladrão que soprava a fumaça do cigarro de maconha , pelo buraco da fechadura da porta e entorpecia todos os moradores, era recorrente. Dizia a lenda que, após essa providência, o amigo do alheio entrava calmamente na casa, e fazia a “limpeza”. Para evitar esse desastre, havia um antídoto: bastava deixar uma bacia de água no cômodo principal da casa, e a água “puxaria” os efeitos da fumaça entorpecente. Essa técnica foi largamente utilizada por uma secretária doméstica que trabalhava na minha casa, por mais que minha mãe considerasse uma rematada bobagem. Não tinha jeito: contrariando a orientação dos patrões, depois que todos dormiam, lá ia a fiel servidora encher de água a maior bacia da casa, e colocar na sala. Engraçado é que não se questionava um fato simples: se a fumaça era assim tão forte,  como o larápio conseguia fumar sem, ele mesmo, cair prostrado? Bem, lendas urbanas não se explicam.
                        De vez em quando também surgia o boato de que tinha sido capturado um caranguejo, sim, caranguejo mesmo, em cuja carapaça havia a imagem de Nossa Senhora nitidamente gravada. Tal , era considerado, por razões que até hoje desconheço, um forte indício do fim do mundo. Sempre aparecia alguém que tinha um primo, que era amigo do cunhado do tio da pessoa cujo sobrinho tinha visto o tal caranguejo. Pessoalmente nunca tive a oportunidade de vislumbrar o abençoado crustáceo.
                        Merece ser citado um cedro que derramava lágrimas milagrosas, descoberto, salvo falha de memória, no Município de Alhandra. Rapidamente formaram-se caravanas de romeiros e o sítio onde a árvore estava entrou em clima de festa. O dono até passou a cobrar um óbolo , para cobrir as despesas – dizia, aos que pretendiam contemplar o cedro chorão. Havia quem jurasse, de pés juntos, que estava curado de muitas mazelas por ter bebido as santas lágrimas.
                        Muitas das lendas referem-se à comida e suas combinações com outras , ou horários de ingestão. Assim, não se deve chupar mangas à noite, sob pena de cair doente. Se misturar com leite, então, a morte é certa. Pode encomendar a mortalha.
                        Segundo essa lógica, alguns alimentos são “carregados” , e devem ser evitados à todo o custo. O peixe albacora é o recordista em , digamos, “carrego” , seguido de perto pelos crustáceos em geral. Só devem ser ingeridos se o vivente estiver gozando de plena saúde. A ave de arribação e a galinha d’angola ficam na faixa intermediária.
                        O bode tem uma característica peculiar: não mata o seu devorador, mas, ao longo do tempo, deixa-o mouco. É isso mesmo, carne de bode provoca surdez, reza a lenda.
                        Tendo me ocorrido esta explicação pouco ortodoxa para a perda de audição, mencionei-a (em voz bem alta) ao amigo e colega Gilson Farias, que queixava-se de estar ficando surdo, em plena Livraria de Assis, no Fórum:
                        - Mas Gilson, isso não é porque você comeu muito bode quando era juiz no interior?
                        - Não , não, respondeu, é de família mesmo. Na minha família esse problema é comum.
                        Já ia me conformando com a explicação genética para a suposta redução da capacidade auditiva do amigo, quando ele acrescenta:
                        -Agora tem o seguinte, todo mundo na minha família gosta muito de bode...
Bode

domingo, 20 de janeiro de 2013

IGREJA DE SÃO FREI PEDRO GONÇALVES



IGREJA DE SÃO FREI PEDRO GONÇALVES

Restaurada em 1999-2000, graças ao Convenio Brasil-Espanha, através da Comissão Permanente de Desenvolvimento do Centro Historico de João Pessoa.
Fonte: Alvarez Ribeiro

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Combate ao crime organizado

Resolução do TJ permite aos juízes a formação de colegiado para decidir contra organizações criminosas

 
Na manhã desta quarta-feira (16), o Pleno do Tribunal de Justiça Paraíba aprovou, por unanimidade, Resolução 02/2013 que regulamenta a formação do colegiado para julgamento dos crimes praticados por organizações criminosas no Estado. Com a aprovação do ato, a Corte se adequa à Lei Federal nº 12.694/12 que permite aos juízes, no âmbito do primeiro grau, decidirem pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual em feitos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas.
 Ao apresentar o projeto de resolução, o presidente do Poder Judiciário estadual, desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos, observou que esta regulamentação era aguardada pelos magistrados e que trará maior segurança e isenção aos juízes que, no exercício da jurisdição criminal, se afrontam com o crime organizado.
 Conforme a norma estabelecida, o juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física ou de seus familiares em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao vice-presidente do Tribunal, que será o relator do procedimento. O colegiado será formado pelo juiz do processo e por dois outros magistrados escolhidos por sorteio eletrônico, em plenário, dentre aqueles de competência criminal na área da circunscrição do juízo originário.
 O colegiado poderá deliberar sobre concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão, sentença, progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena, concessão de liberdade condicional, transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima e inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado.
 As reuniões presenciais serão realizadas na sede da comarca do juiz que instaurou o colegiado e poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade resulte em prejuízo à eficácia da decisão judicial. Já a decisão do colegiado é una e deverá ser firmada, sem exceção, por todos os seus integrantes, dela não constando nenhuma referência a voto divergente de qualquer membro.
Fonte: TJPB/Gecom/Marcus Vinícius Leite

sábado, 12 de janeiro de 2013



PARE DE TOMAR A PÍLULA



                                                                       Hermance Gomes Pereira


                        O livro do jornalista e historiador Paulo César de Araújo – EU NÃO SOU CACHORRO NÃO, ed. Record, Rio de Janeiro, 2002 – supre com competência séria lacuna na historiografia da música popular brasileira. Até então, ninguém tinha notícia (exceto pesquisadores minuciosos como Adhailton Lacet) que os cantores e compositores da chamada “música cafona” também enfrentaram com galhardia o regime de exceção imposto ao Brasil em 1964.  Este, aliás, o subtítulo da obra: “Música popular cafona e Ditadura Militar”.
                        Já foram gastas toneladas de papel e galões de tinta para imprimir livros, revistas, tratados, teses, análises críticas e artigos sobre a censura e perseguição à Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e outros compositores nacionais insurgidos contra a quartelada. Oriundos da classe média e sobraçando diplomas universitários, certamente escreveram uma das mais belas páginas da nossa música. Pena que eram pouco ouvidos. Especializaram-se na “linguagem de fresta” para driblar a censura. O que conseguia passar pelas frestas deixadas pelos censores, era gravado. Chico Buarque passou até a assinar algumas letras como “Julinho da Adelaide” , ludibriando os censores de plantão.
                        Ninguém falou , entretanto, de Odair José, Fernando Mendes, Luis Ayrão, Benito de Paula, Waldick Soriano, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, Wando, Paulo Sérgio e tantos  outros, igualmente censurados e perseguidos.
                        A omissão cheira a preconceito barato. Afinal, Odair José era conhecido como o “Rei das empregadas” ou o “cantor das putas”. Nelson Ned , no  auge do politicamente incorreto, era chamado pela crítica de “anãozinho ridículo”. Todos, sem exceção, originários da classe operária.
                        Paulo César Araújo traça vasto panorama da música ,  digamos, não preferida pela elite intelectual, enquanto instrumento de protesto contra o regime militar. Afinal, se a belíssima “Apesar de você” (apesar de você / amanhã há de ser outro dia) foi censurada, também “Treze anos” (treze anos eu te aturo e não agüento mais / não há Cristo que suporte e eu não suporto mais) de Luis Ayrão também foi proibida. Naquele ano, 1977, a “Revolução” completava treze anos.
                        Odair José vivia às turras com os militares. Quando o governo entendeu de incentivar o planejamento familiar, inclusive distribuindo anticoncepcionais (na verdade seguindo orientação internacional que não via com bons olhos a explosão demográfica na América Latina) , candidamente cantou: “pare de tomar a pílula  / ela não deixa nosso filho nascer”. Imediatamente sucesso nacional, “a pílula” acabou proibida e liberada tantas vezes, que ninguém sabia ao certo se podia tocar ou não. Em vários shows, a equipe de plantão da Polícia Federal  advertia: “hoje não pode cantar a pílula”. Pouco adiantava, a platéia começava a cantar. O artista até tentava: “pelo amor de Deus gente, essa eu não posso cantar”, mas não tinha jeito, acabava cantando. Já saía direito para o Departamento, para mais um  interrogatório sobre suas atividades subversivas.
                        Waldick Soriano, talvez o cantor mais estigmatizado pela elite intelectual em todos os tempos, também  sofreu seu quinhão. Não bastasse o preconceito quanto à qualidade de sua obra, os “gênios” da censura implicaram com  o bolero “Tortura de Amor”  (hoje que a noite está calma/ e que minh’alma esperava por ti / apareceste afinal / torturando este ser que te adora). Justificativa: Na capa da Revista Veja, no começo do Governo Médici, estava a manchete: “O Presidente não admite torturas”.
                        A repressão não se dava só por motivos políticos.  Morais também valiam. Agnaldo Timóteo lutou para conseguir liberação de “Galeria do Amor” (numa noite de insônia saí / procurando emoções diferentes), que fazia alusão à homossexualidade  e à famosa Galeria Alaska, conhecido reduto gay das noites cariocas.
                        Odair José, de novo, consegue desagradar todo mundo. Em pleno debate sobre a implantação do divórcio no Brasil, discussão acirrada e idéia fortemente combatida pela Igreja Católica, singelamente lança “O casamento” (José nasceu em Belém e é carpinteiro/ Maria uma  simples moça caseira/ e hoje vão se casar/ pois não demora eles vão ser pais/ e isso não pode esperar). Para completar, Odair disse em entrevista: “se o Pai escolheu José e Maria, que não eram casados, para que daquela união nascesse o Salvador, é sinal de que o casamento não é tão importante assim”. Foi demais. Católicos enfurecidos insistiam em querer surrar o franzino cantor em qualquer lugar. Um padre de Campina Grande ameaçou excomunga-lo. A música, evidentemente, foi proibida.
                        Mas o divórcio era irreversível em  terras brasileiras. Cláudia Barroso lança o bolero “Duas Almas”: “o homem que eu amo é proibido / o homem que eu amo é casado  e  foi insistente com outro bolero, “Mulher sem  nome”: “me chamam de mulher sem  nome/ porque gosto de um  homem que tem outra mulher). Odair arrematou o debate com “Agora sou livre” (agora sou livre / pro que der e vier).
                        O livro  traz ainda um registro relevante. Esses artistas, ditos “cafonas” com  suas vendagens expressivas permitiam a gravação de artistas de pouco retorno comercial, mantidos nas gravadoras apenas porque davam status e prestígio. Lindomar Castilho , Evaldo Braga e Paulo Sérgio (para não falar no indefectível Odair José) simplesmente vendiam muitas vezes mais que o “primeiro time” da MPB: Chico, Caetano, Tom  e Gil. Mais ainda, os campeões de venda possibilitavam a liberdade de criação dos monstros sagrados.
             Diz o autor, textualmente: “João Gilberto, por exemplo, talvez só tenha conseguido liberdade de criação para gravar seu primeiro disco de bossa nova na Odeon, em 1958, porque lá existia um outro cantor baiano chamado Anísio Silva, que com seus boleros sentimentais chegou a vender na época a fabulosa marca de 2 milhões de discos. Não fosse isso, e provavelmente a Odeon  não tivesse arriscado estúdio e capital com um disco de um cantor excêntrico, desconhecido e de pouco apelo comercial.”
                        É bom lembrar disso na próxima vez que ouvir “Chega de Saudades”.

domingo, 6 de janeiro de 2013

CONSELHEIROS E ASSESSORES

Hermance Gomes Pereira



                        Há tempos que assessores prestam valiosos serviços aos graúdos de diversas atividades humanas. O valor de um bom assessor é reconhecido pelos assessorados. Eles cuidam da agenda, dão consultoria, fazem trabalho burocrático e poupam o precioso tempo do chefe, que assim, dedica esse saldo temporal às questões mais importantes.
                        Não seria possível ao Don Quixote de La Mancha, por exemplo, envidar tanta energia no combate aos moinhos de ventos não fora a competente assessoria de Sancho Pança. O simplório gorducho era pragmático, e resolvia as pendengas do dia a dia, desde pernoites em estalagens e refeições, até a forragem dos animais. O ilustre fidalgo ficava, assim, livre das misérias e questiúnculas cotidianas. Pensava em Dulcinéa e espetava a lança no moinho mais próximo.
                        Aqui no Brasil, o hábito da assessoria começou cedo. Diz o historiador Eduardo Bueno que, tão logo instaurado o Governo Geral – após o fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias – os assessores já foram devidamente nomeados e começaram a perceber os merecidos salários. O primeiro magistrado que aportou por estas bandas, Pero Borges – que havia exercido o cargo de Corregedor da Justiça em Elvas, no Alentejo, trouxe uma dúzia de funcionários para fazer funcionar a máquina do Judiciário na nova terra. Entre eles, o escrivão Brás Fernandes (40 mil reais por ano) e o meirinho Manuel Gonçalves (20 mil reais anuais). As Ordenações Manuelinas começaram a ser obedecidas. Pelo menos em tese. Diziam as más línguas que os processos não tinham fim, e talvez fosse melhor assim mesmo, pois “as sentenças eram tão arbitrárias que se se executam, têm na execução muito maiores desordens.”
                        Passados os tempos de Colônia, encontra-se no Primeiro Império marcante assessor. O Brasil estreava como país independente, e tinha seu primeiro governo autônomo. D. Pedro I não podia prescindir de assessores competentes para o árduo trabalho de fundar uma nação.
                        Nesse contexto surge a curiosa figura de Francisco Gomes, o Chalaça.
                        Era este senhor Gomes um português sem eira nem beira, que tentava a sorte no Brasil. Na vida de aventureiro em busca da fortuna, conheceu o jovem imperador numa taberna da mais baixa extração. Daí por diante, sua vida mudou por inteiro. O imperador afeiçoou-se ao homem mais velho, por seu cinismo e praticidade, e colocou-o sob sua proteção.
                        O desconhecido senhor Gomes transformou-se no Conselheiro Gomes, e recebeu da corte o apodo de Chalaça. Transformado em Conselheiro Imperial, Chalaça exerceu com galhardia suas funções, por mais insólitas.
                        Era o Chalaça o encarregado de descobrir mulheres para o imperador, intermediar os encontros, ocultar as provas dos olhos da imperatriz, e, quando necessário, apaziguar maridos e recompensar regiamente pais furiosos. Dotado de invulgar ceticismo, Gomes encarava com naturalidade sua atribuições, e não deixava de aproveitar, quando podia, os sobejos imperiais.
                        Existem algumas biografias publicadas sobre o tal Conselheiro, porém, nenhuma melhor que a de José Roberto Torero : Galantes Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes, o CHALAÇA (Ed. Objetiva, Rio de Janeiro).
                        Tratam-se de memórias romanceadas, com reconstituições livres – sem qualquer rigor científico (aliás, rigor científico não é a proposta do autor) de situações e diálogos absolutamente verossimilhantes. Resta evidente que o autor fez extensa pesquisa em torno da personagem histórica, mas, reconstituiu trechos de sua vida com liberdade literária.
                        E haja liberdade, o livro começa com um texto de apresentação do próprio D. Pedro I, devidamente “psicografado”. Diz o Imperador sobre seu assessor: “Houve quem o chamasse de alcoviteiro e safardana, mas tais acusações não passam de calúnias. Se o Chalaça – era esse seu apelido – conseguiu ascender de simples serviçal a um dos homens mais influentes do Império Brasileiro, isso aconteceu principalmente graças à sua privilegiada inteligência. Além de habilidoso conselheiro, este meu grande companheiro foi também um brilhante filósofo, conforme demonstram algumas de suas teorias que aqui estão. Como exemplo cito aquela na qual ele estabelece a profunda relação entre o fluxo sangüíneo e o funcionamento do cérebro no momento da cópula, o que explica tantas e tantas atitudes masculinas.”
                        O Chalaça acompanhou D. Pedro I no auge e na queda. Com ele retornou a Portugal depois da abdicação, com ele combateu na guerra contra o usurpador D. Miguel. É bem verdade que procurou ficar longe dos combates mais sangrentos. A restauração do trono português com a vitória dos legalistas e início do reinado de Dona Maria II, parecem ter liquidado com as últimas forças de D. Pedro I (D. Pedro IV em Portugal). Antes de morrer, porém, deixa o Chalaça como procurador de seus filhos menores. Prova inequívoca de confiança.
                        Sempre zeloso de suas responsabilidades, o Chalaça acaba por casar com a bela e jovem viúva, ex-imperatriz do Brasil, Duquesa  Amélia de Leuchtenberg. Como disse D. Pedro, “um maganão, esse Chalaça”.
Retrato do Conselheiro Francisco Gomes da Silva, "O Chalaça". Óleo sobre tela, Séc. XIX , Museu Histórico Nacional, autor desconhecido.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Esboço da Capela

Esboço da Primeira Capela Matriz da Cidade da Parahyba em 1586, no alto da Colina onde se encontra hoje a Matriz ao lado da Pç. Dom Ulrico. Essa edificação tinha duas funções, a de Torre de Vigia e a Religiosa, naturalmente. (Fonte: Alvarez Ribeiro).

Indiscutivelmente a localização é privilegiada. Possibilita observação de toda a área do Rio Sanhauá, de onde poderia advir ataques de nativos , franceses, holandeses.